A Crise dos Vyrdazan
Hoje vista como lenda por quem é
de fora, a Crise dos Vyrdazan fora um acontecimento terrível para o reino de Melköria, com
efeitos que são sentidos por seus habitantes até os dias de hoje. A ocasião
teria sido o estopim de uma série de mudanças radicais em todo o reino, desde
seu Tempo Sombrio até toda a reforma cultural, terminando hoje no forte domínio
dos Idários, religiosos conhecidos por sua rigorosidade.
Um caso curioso de “práticas
compulsórias de necromancia” que teve seu início na ilustre família Vyrdazan,
muito rica e de boa fama na região. Conta-se que Davond, o patriarca, teria
começado a apresentar um terrível medo da morte conforme envelhecia. Não por temer
o que teria no além-vida, mas sim por não suportar a ideia de perda de tudo que
estava em seu poder enquanto vivo. Sempre fora um homem ambicioso, mas diz-se
que até aquele dia o homem nunca havia apresentado o real pavor da ideia de
morte.
Como fora descrita a aparência de Lucínia, a mais nova da família. |
Em um dia de inverno, o mais
pesado do ano, Davond teria se dirigido ao encontro do bruxo Sivalcár, que seria o mais
poderoso de sua época, apesar de não ter sua existência confirmada. Não se tem detalhes do ritual feito, sabe-se apenas que desde aquele dia, Davond voltara para casa melhor do que nunca. Não apresenta mais sua fobia
corriqueira, quase como se estivesse curado por mágica. Porém a realidade era
outra, e só foi descoberta no que deveria ser o final de sua vida.
Davond deveria ter partido com 86
anos, vítima de uma doença mortal. Seu ritual passado então foi descoberto quando, ao
invés de morrer, o homem continuava a andar e a falar. Ele havia mudado de cor,
era notável que algo não estava certo. Dias se passaram, e os Vyrdazan começaram
a apresentar a mesma paranoia que o patriarca costumava ter anos
antes. Todos sentiam como se fossem morrer e perder tudo a qualquer momento, suavam
só de pensar no acontecimento, o coração pulava de seus peitos e algumas vezes
não falavam com coerência, tamanha sua perturbação.
Os Vyrdazan, então, sumiram por dias, e retornaram renovados. Com os anos passando, o patriarca já estaria velho
demais para sequer existir, e grande parte da família já deveria ter deixado
este mundo também. Mas eles estavam lá, apesar das condições naturais; não saiam mais de sua grande casa, as cortinas permaneciam
fechadas e seus empregados eram proibidos de deixar o local. Uma energia
estranha e terrível emanava daquele local, algo que poderia ser sentido até
pelos mais céticos.
Idários sempre escondem o corpo da cabeça aos pés |
Pessoas que residiam próximas ao
casarão, então, começaram a apresentar os mesmos sintomas da família reclusa.
Depois, outras áreas próximas, gradativamente aumentando, e as ruas já não eram
mais as mesmas. O reino agora se tornara cinza e sem vida, e não haviam mais
mortes, apenas a miasma local.
O rei Pelidrór, preocupado com a segurança
de toda sua família, teria então aberto suas portas aos Idários. Eles teriam poder
para fazer o que fosse necessário para livrar o reino do mal desconhecido, e
assim fizeram. Os sacerdotes, formando uma grande roda, teriam chamado a Chuva
Purificadora, que caiu sob todo o reino, e apenas ele. Após isso, cavaleiros
sagrados conhecidos como Espada de Idárr teriam marchado pela cidade, decapitando todos que
se mexiam e ateando fogo em todas as casas. Em seguida, os sacerdotes também destruíram
todos os documentos que mencionavam qualquer coisa sobre a Crise e deram início
a Era da Luz. Nem mesmo a família real foi poupada, sendo ela vista como
indigna, não poderiam mais governar, sequer existir. Foram executados. Nas
palavras de Vólive, o Grande Sacerdote que assumiu o poder após tudo, o reino teria “renascido
das cinzas de acordo com a vontade de Idárr”.
Essa história é conhecida graças as
pessoas que já haviam visitado o local, ou por algum conhecido íntimo dos
sacerdotes, que passou de boca em boca. Hoje é vista como um grande exemplo de
como a ganância pesaria na alma dos viventes, mostrando inclusive o destino
terrível daqueles que caírem na tentação do obscuro.
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