Cassandra de Margarida

       Há pouquíssimas informações a respeito da localidade na qual, essa fêmea da raça elfo, se originara. Porém é sabido que o passado misterioso de Cassandra trouxera muitas facções e caçadores de recompensas ao seu entorno.

A jovem Cassandra.
      Uma elfa de beleza duvidosa com uma coloração bastante incomum
para sua raça. Apresentando cores bastante rosadas com tons arroxeados. Olhos bem fundos de pigmentação amarelada e olheiras infinitas; que nem o tempo é capaz de apagar. Bochechas redondas que, juntamente ao maxilar, dão um rosto em forma de bola para a garota. Além de um nariz discreto. Suas orelhas são bem pequenas, se comparada com um "elfo comum", apesar de terem detalhes únicos que chamam a atenção. Uma gigantesca cicatriz próximo a sua órbita esquerda rouba toda sua doçura. Os cabelos enormes e ruivos, em boa parte do tempo, ficam amarrado com várias tranças, alguns cachos permanecem jogados na lateral de sua cabeça.

      Cassandra tem um passado oculto que prefere não revelar, e muito especula-se de que a mesma viera d'um povoado escondido de elfos, no qual não há informação alguma. Aliás, outros elfos com fisionamia semelhante a da garota nunca foram vistos. Apesar disso, por um longo período, a garota se manteve escondida para não chamar atenção, já que os segredos de seu povo jamais deveriam ser revelados para outrem. Entretanto, a ambição e os desejos de Cassandra levaram-na a criar uma personagem, e assim se esconder de possíveis perseguidores (que muita das vezes eram mercenários a mando de "seu povo").
     Por muito tempo a elfa trabalhou como artesã. E ao mais tardar, abriu seu próprio negócio: um viveiro de flores. Daí surgiu seu apelido: de Margarida. Seu jardim tornara-se belíssimo e atraiu diversos olhares, principalmente das mulheres da região. Uma moça chamada Zeline - que era feiticeira - se interessou por seu trabalho e por sua pessoa, fazendo com que as duas estreitassem seus laços.

       Numa bela noite de outono, muitos invasores queimaram sua grande jardim e sua horta, obviamente estavam atrás da garota elfa. A casa de Cassandra, ao lado de seu viveiro, fora incediada e atacada com todo tipo de brutalidade. Ninguém acreditaria que houvesse escapatória, mas doi enormes dente-de-sabre, um hipopótamo e três javalis-atroz irromperam do subsolo e atacaram os mercenários. Belíssimas samambaias surgiram da terra e se sacrificaram na tentativa de apagar o incêndio, outras cercas-vivas e tulipas de sangue emergiram para tirar Cassandra de sua casa.
     Ao saber da notícia, Zeline fora a seu encontro, entretanto não encontrou ninguém no local destruído, mas a feiticeira descobriu que Cassandra tinha um porão escondido em sua casa, provavelmente onde escondia seus amigos animais e suas outras plantas. Era óbvio que Cassandra era uma dhye (indivíduo que consegue controlar alguma criatura, geralmente animais), porém um tipo extremamente raro, com a capacidade de dominar as plantas também - alías, são seres vivos.

     Por muito tempo a cidadezinha de Jostrey, em Salompra ficou atordoada com os acontecimentos. Um local pacato, na qual não havia líderes e coexistiam poucas pessoas, com apenas um comércio pequeno e um povo esquecido. Todavia, os rumores corriam rápido e logo Kilista (a Capital) se interessou em investigar o evento.
      Já Zeline procurava sua amiga por todos lugares próximos, era necessário avisar à garota elfa que uma ordem de prisão fora lançada contra ela. Muito provavelmente existia um dedo do povoado de Cassandra nisso tudo.
      Por fim, as amigas se encontram, a custo de muito esforço de Zeline. Cassandra se encontrava extremamente fraca e cansada, escondida numa caverna, em algum monte de Salompra. A elfa sabia que podia contar com a feiticeira e revelou boa parte do que estava tramando.
      Cassandra de Margaria fugiu de seu povoado com um amuleto poderosíssimo que tinha poderes grandiosos, dentre eles, potencializar as habilidades de um dhye, para que o mesmo consiga controlar não apenas criaturas, mas sim indíviduos, o que era supreendente, e ate então considerado impossível. Zeline já ouvira histórias de uma garota que conseguia controlar pessoas, mas essas sabiam que estavam sendo forçadas a realizar ações - basicamente seus músculos se moviam contra sua vontade, e também existiam magias extremamente complicadas de controle, porém essas eram pouco eficazes comparadas com o que amuleto prometia.
     Foi revelado por Cassandra que algumas mulheres de seu povoado eram selecionadas para terem filhos e filhas, que se tornariam "guardiões" da joia. Tal esquema seguia um calendário complexo, no qual os jovens ofereciam parte se deu poder ao amuleto. Com o tempo, a joia passava para outros dois jovens (um macho e uma fêmea), e assim, o poder desse dhye não era consumido por completo e o amuleto continuava acumulando sua força.
      A mãe de Cassandra fora escolhida para dar a luz a uma criança que seria a "guardiã", era óbvio que nasceria uma fêmea, os sacerdotes do povoado sabiam. No entanto, o parto demorou mais que o esperado, e, para não descumprir o calendário, foi escolhida a tia de Cassandra (que coincidentemente ficara grávida quase junto de sua mãe e também teria uma filha). As duas novas crianças, ainda bebês, foram selecionadas para defenderem a pedra até completar dez anos de idade, depois disso, o ciclo se repetiria.
       Muito tempo levou até que Cassandra conseguisse deixar seu povoado, não havia motivos para continuar ali. Sua família a odiava, principalmente sua mãe, que culpava a garota por ter demorado a nascer e não ter sido escolhida para tornar-se uma guardiã. Durante a vida toda, Cassandra ouvia o quanto ela era inútil e uma desonra para seus ancestrais, e para deixar bem claro, sua mãe queimara seu rosto com fogo lilás (um tipo diferente de fogo que existe na região). Desse modo, a menina nunca esqueceria o quão deslustre tinha sido.

A poção que da origem ao fogo lilás. Após ser dito o encantamento correto, o fogo dura até que quem o ativou deseje que cesse.
     Com isso, Cassandra percebeu que o amuleto estava sugando os poderes das crianças. Além disso, sabia que aquilo não seria usado para aumentar plantações ou trazer uma vida melhor para a civilização, e que provavelmente seria usado para iniciar confrontos e guerras. Portanto, resolveu roubar o amuleto do templo e fugiu com ele.
      Para Zeline ficou claro que a joia estava deixando Cassandra fraca, pois a mesma estava protegendo aquele objeto fazia muito tempo. Todavia, o que mais surpreendia Zeline era que existiam muitos dhyes no povoado de Cassandra, um tipo muito raro de indivíduo no mundo conhecido, mas a respeito disso, a feiticeira nada disse.
 
O amuleto.
     As duas decidiram que seria melhor destruir o amuleto, pois os
mercenários e outros homens de Kilista não parariam de perseguir Cassandra até terem a garota e a joia em sua posse. Só havia um pequeno problema, com o poderio acumulado era quase que impossível destruir aquele objeto, seria necessário rituais de proporções desconhecidas e uma magia do mais alto nível, que nem mesmo Zeline conseguiria produzir. A alternativa seria esconder a joia em algum local.
      Foi o que fizeram, viajaram por grandes rotas e conseguiram ocultar o amuleto da mão de outrem. Só que o pesadelo não havia acabado.
      Uma semana mais tarde as duas mulheres foram interceptadas (só que Cassandra e Zeline sabiam que isso ocorreria) por um numeroso exército. Com guerreiros dos mais variados tipos. Mercenários fêmeas e machos, soldados da Capital, combatentes independentes e outras pessoas estavam em busca daquele poderoso objeto de poder. Todos contra as duas.
   
       Com garra e sangue ambos os lados deram seu melhor. Zeline usou toda magia que conhecia para criar escudos e ondas de ataque explosivos. Cassandra usou sua energia para controlar quantas criatuaras conseguisse. Já o outro lado atacou não só com magia, mas com aço também. O número era desproporcional e a mana das duas mulheres não seria o suficiente para vencer. Porém não seria necessário aguentar muito mais.
       Antes de que os inimigos chegassem perto, Cassandra conseguiu dizer uma única palavra: Gurpafogus. Um círculo lilás (antes impercebível) começou a brilhar fortemente envolta delas, outro círculo a uns dez metro de distância, que também circundava elas também emitiu a mesma luz, dali, um imenso fogo se alastrou. Tudo entre os dois círculos foi tomado pelas chamas. O calor tomou conta das moças. Só se ouvia gritos de piedade e agonia. A fumaça e a angústia tomaram conta do ar.
       Algum tempo depois só se ouvia o estalar do fogo lilás. Os inimigos de Cassandra haviam padecido.
       De fato uma grande batalha ocorreu ali, entretanto ninguém sabe, pois houve poquíssimos sobreviventes para contar história. E a Capital resolveu ocultar qualquer indício do que acontecera.

       Por um tempo, as duas mulheres optaram por viajar e seus paradeiros ainda são uma incógnita. O preço por suas cabeças chamam muita atenção, mas ninguém sabe o motivo.

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